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bye, bye, casulo

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São Paulo, 30 de junho de 2006. Era preciso romper o casulo pensava a larva, cheia de receios depois de tanto em hibernação. Mas e se o sol me queimar? Ou me cegar? Ou me queimar E me cegar?, atormentava-se. Ficou quieta, esperando que alguém lhe viesse aliviar o sofrimento. Ninguém veio. Nem podiam fazer isso por ela. Pior que isso, a casca protetora começava a lhe sufocar. Chegou a pensar que morreria ali mesmo, sem cumprir seu destino-borboleta. Mas não desistia de viver. Nem saía dali. Parecia uma angústia sem fim. Ela se demorou tanto que os dias ensolarados tornaram-se frios. Sentia o ar gelado nas frestas que surgiram no casulo. Não tinha mais jeito. Era preciso sair. Armou-se de coragem – para morrer às vezes é preciso coragem – e decidiu deixar para trás a vida de lagarta come-come. Cansou de ser projeto. É tempo de voar.