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Mostrando postagens de outubro, 2011

Máquina de moer

Hoje, o rádio (um profeta da modernidade antiga, como é a minha) me deu The Wall de presente. Contei à mais velha que essa música talvez tenha sido um dos primeiros lampejos de crítica para a menina de 15 anos, besta, provinciana e matuta que eu era -- e, de certa forma, ainda sou. Por ironia, a escola -- essa mesma, aparelho ideológico do Estado -- foi justamente o palco do nascimento de uma visão mais crítica do mundo. Em plena pós-modernidade no início dos anos 1990 (no interior, as coisas demoram mais a chegar), a turma do 1º ano mastigou e deglutiu o conceito da máquina de moer. E futilizamos a expressão "virar carne moída". Sempre fui cumpridora de regras, amante das caixas, seguidora de verdades alheias. E, com isso, fui cuspida de uma das máquinas de moer como esperavam que eu saísse. Da cidade do interior para a USP (Universidade de São Paulo) onde minha mãe talvez esperasse que eu arrumasse um bom casamento ou um bom emprego. Acho que, na visão dela, falhei nas

Sem título

Sempre começo os posts com os títulos. Em geral, eles são uma síntese do que nem sei que vou dizer. No caso, escrever. Acabo de ouvir o chorinho lamentoso do bebê que se mudou para o apartamento ao lado. Lembro da Carol. Pequenina, chorona, indefesa. Nos meus braços. Uma menina criando outra. Apesar dos meus 20 e poucos anos, eu não era muito diferente da menina de 17 que tinha ido embora da cidade do interior, fugida da futilidade, do provincianismo e do sufoco de ser daquela família. Eu lia um texto, do José Ruy Gandra, sobre a sua primeira separação ( Um Duro Adeus, na Pais e Filhos ). Sobre como ele, jovem, fhavia negligenciado o filho, em meio à sua própria imaturidade. De certa forma, identifiquei-me com ele. De outra forma, chorei a lágrima da moça ruiva. Penso no cansaço. Na espiral maluca e, por que não dizer, autodestrutiva em que me enfiei. Lógico que não foi nada pensado. Mas a sensação que tenho, agora, é de que se eu corri até aqui foi para fugir. Me parece claro ne