Elevação

Hoje, logo que saí do Centro Cultural Banco do Brasil e olhei para os prédios da vizinhança, suspirei profundamente. Parecia que, em meus pulmões, havia mais espaço para o ar da inspiração. Costumo ter essa sensação em duas situações: ao final de uma aula de ioga e depois de rezar. Eu estava realmente com o espírito enlevado. Acabara de visitar a exposição do indiano naturalizado inglês, Anish Kapoor.

Eu não entendo nada de arte. Muito menos de arte contemporânea. Resolvi conhecer o trabalho desse escultor por, digamos, indicação terapêutica. Havia comentado na terapia que estava lendo dois autores que me impressionaram pela paixão que transpirava de seus textos. Precisei correr os olhos em “A Negação da Morte” (Ernest Becker, 1973) e “Inteligência Social” (Daniel Goleman, 2006) por conta de um frila. Antenada no mundo das artes, minha terapeuta retrucou com um comentário sobre o Ascension, uma instalação sob o Viaduto do Chá de Anish Kapoor.


Resolvi ir até o CCBB conferir parte da tal exposição. Chegando lá, uma escultura de sei-lá-quantos metros de altura no hall. Uma grande vagina. Logo pensei: “xiiii, na próxima sessão, vou ter de pedir legenda...” Aos poucos entrei no clima e comecei a evitar os grupos acompanhados por arte-educadores... Não queria mais legenda. Só me divertir. Brinquei com as posições de observação (o que, algumas vezes, parecia meter medo nos seguranças da mostra). Fiquei tempos entre os dois espelhos côncavos de inox. Minha insistência em me movimentar e descobrir novos reflexos nas superfícies me deixou zonza. Adorei. Sai de lá com a sensação de que havia terminado de fazer uma prece. E me elevado.

PS: não fui ver o Ascencion. Voltei para casa.

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