Nem me lembro quantos anos eu tinha quando soube pela primeira vez sobre os envelopes de dinheiro. Só tenho na memória que achei muito sem graça presentear alguém com notas de ... (vixe, não sei qual era a moeda corrente no Brasil: cruzado? Cruzeiro novo?). Meu pai me explicou que era um jeito de dar exatamente o que as pessoas queriam, que no fundo era o melhor presente possível se a nossa intenção fosse realmente agradar. Continuei achando tudo muito besta, confesso. Com seu jeito gosto-de-tudo-muito-bem-explicado, meu pai me iniciou nos envelopes, contando sobre os valores ali colocados. A fala era sempre pausada. E, eu, que sempre fui agitada, ia adiantando as frases para que a conversa se encerrasse logo. Ele não ligava. Simplesmente continuava a falar e, muitas vezes, simplesmente repetia frases inteiras. Ele me explicava: quanto maior o apreço pela família, quanto mais estreito fosse o laço, mais dinheiro devia estar ali. “Mas também tem de ver as condições da família”, ele dizi...