Zuada

Era tanto pensamento que os olhos já estavam ardendo. Era tanta pressa que não conseguia sair no lugar. Era tanto medo que se jogava num álibi imperfeito. Era tanto enfastio que sentia mais fome que sempre. Era tanta pergunta que a cabeça tinha criado muito espaço entre um pensamento e outro. Queria cantar e dançar tudo aqui, mas as pernas doíam. Tinha andado tanto.

A nuca queimava. Era tanta agonia que preferiu entrar por aquela porta. Nada de amenizar ou extirpar aquela queimação no corpo que não sabia de onde vinha, mas sabia muito bem para onde queria levar.


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